sexta-feira, 28 de maio de 2010

Formação ética - Paixões predominantes, o grau de intensidade e o valor moral das paixões

12 Paixões predominantes


Normalmente predomina um grupo de paixões. Uma pessoa tem mais fortes paixões concupiscíveis e a outra, mais fortes paixões irascíveis. Uma está mais em busca do amor e a outra da honra.


Para a pessoa definir seus ideais e metas é importante saber qual é a sua paixão predominante, pois ela é a tendência fundamental, a condição de sua natureza e esta indica precisamente o campo de trabalho em que a pessoa possa se realizar, indica para a profissão a escolher e a missão a assumir, enfim, indica para o Ideal Pessoal que Deus tem em mente sobre cada pessoa.


Precisamos descobrir a estrutura do nosso próprio ser para poder definir-nos e agir de acordo.

Quando visamos um ideal e seguimos uma atividade que corresponda a nossa natureza, ficamos felizes e conseguimos produzir bons resultados.



13 O grau de intensidade das paixões


O grau de intensidade das paixões é muito ligado à fantasia. De acordo com sua atividade, as paixões agem com mais ou menos intensidade.


Então, a própria lógica nos sugere que é preciso trabalhar a fantasia. Mas ela, por sua vez, é depende dos dados arquivados na memória e do ambiente em que a pessoa se encontra. Quando a fantasia, por exemplo, dispõe de uma memória e de um ambiente repleto de dados de baixo nível, o que ela com sua criatividade vai produzir? - e, consequentemente, com que intensidade as paixões vão entrar em ação? - O resultado final poderá ser desastroso...


Do contrário, quando a fantasia encontra um ambiente e uma memória de elevado espírito, de sublimes ideais, de pureza, de amor, de esperança, de cultura, de um estilo que aspira ao alto em busca de qualidade... as paixões, com alto grau de intensidade empenharão todo o seu potencial para o bem. Muitos exemplos de vida provam que é possível disciplinar a fantasia e colocá-la a serviço das paixões que elevam ao alto, ao bem.



14 O valor moral das paixões


O valor moral das paixões é visto por duas posições divergentes. De um lado - atribuindo-lhes grande valor - procura-se estimulá-las o quanto possível e, de outro lado, - dando-lhes nenhum valor - procura-se reprimi-las.


A Verdade está no meio. As paixões são forças neutras. Não têm valor moral por si mesmas, são indiferentes. São um dom de Deus que se torna bom ou mau pela decisão da parte superior do homem, o espírito.


Para ter culpa ou mérito é necessário uma livre decisão, é preciso querer ou não querer, é preciso querer isto ou aquilo. Por isso, quando as paixões se manifestam simplesmente, não se tem culpa e nem mérito.


As paixões, devem ser encaradas como forças valiosas e necessárias para construir a personalidade humana. Mas as mesmas forças podem ser usadas para destruir a personalidade, podem ser usadas para atos criminosos. Sem paixões, nem santos e nem criminosos existiriam no mundo.


É preciso, desde cedo, canalizar estas forças. O trabalho já começa com a educação do nenê (mais precisamente com a educação do pai e da mãe do nenê) e será necessário ainda na velhice. É uma investida sem trégua e sem férias durante a vida toda. A luta vai até o fim e lá nos espera a coroa da vitória.


Uma história de amor (composta por Almir Cordeiro - JUMAS São Paulo)



sábado, 22 de maio de 2010

Formação ética - Paixões concupiscíveis e irascíveis

10 As paixões concupiscíveis


Uma fruta excita meus sentidos externos; a base de experiências anteriores ela foi identificada pelos sentidos internos como agradável; começa exercer uma atração; está ativando as paixões concupiscíveis; a atração fica cada vez mais forte e um movimento passa pelo corpo, pelas pernas, pelos braços, pela mão e quando se vê, a pessoa está saboreando a fruta com satisfação.

O contrário acontece quando o objeto não atrai, mas repele. Sente-se, por exemplo, aversão frente a uma pessoa e isto faz-nos fugir dela. E, quando se dá um encontro inesperado com esta pessoa, sente-se dor.

Podemos resumir este processo das paixões concupiscíveis em duas palavras chaves: amor e ódio.

O amor desenvolve-se entre agrado, desejo e satisfação.

O ódio desenvolve-se entre aversão, fuga e dor.



11 As paixões irascíveis


Qual é o recurso que possuímos frente a um bem difícil de adquirir ou um mal difícil de evitar? Para este desafio podemos contar com as paixões irascíveis.

Tenho esperança de formar-me. Esta esperança produz audácia que enfrenta as dificuldades. E quando preciso vencer uma situação em que tudo parece barrado, uma ira construtiva me impulsiona e me leva em frente.

Quando as dificuldades são muito grandes pode invadir-me o desespero e produzir medo e este pode chegar a uma ira destrutiva.

As paixões são potenciais indiferentes que nos capacitam para o bem ou para o mal.



Mas allá del mar



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Formação ética - "A razão" e "As paixões"

Parte 1

Parte 2

Parte 3



08 A razão


Nossa razão é dependente dos dados captados e trabalhados pelos sentidos externos e internos. Ela cria uma idéia das coisas e as caracteriza, por exemplo, com um nome; é capaz de planejar e na sua atividade, serve-se especialmente do potencial e dos dados dos sentidos internos.

No caso de se dispor de uma memória plena de dados valiosos e positivos e de uma fantasia pura e disciplinada, a crazão tem como criar obras de valor. Do contrário, de uma memória cheia de imundícies e de uma fantasia solta e desviada, as criações da razão serão de acordo com esta condição. A idéia formada pela razão expressa-se em múltiplas formas: pela palavra, por desenhos, por objetos artísticos, pela música, etc. As obras do homem e o ambiente que cria em torno de si são um espelho do seu interior.

Com os sentidos captamos as coisas concretas. Com a razão podemos abstrair o concreto. Dizemos, por exemplo, "casa" sem pensar numa casa concreta. Dizemos "homem" sem pensar numa pessoa concreta mas referindo se ao homem e a mulher como tal.

É muito importante que tenhamos uma idéia abstrata das coisas sem pensar no concreto: uma idéia do homem, uma idéia da mulher, uma idéia da sociedade, uma idéia do trabalho, uma idéia da vida, etc.



09 As paixões


Se corpo e alma possuíssem somente sentidos e razão, nada iria acontecer no mundo. Sentidos e razão nada modificam, somente reconhecem. Não haveria nenhuma ação além de acumular dados.

Para transformar o reconhecimento em ação, possuímos as paixões (Leidenschaften, Triebe) e a vontade (Wille). As paixões, estimuladas pelos dados que os sentidos lhes fornecem, agem de dentro para fora e intervém no mundo.

As paixões são as forças motrizes que podem levar a pessoa a incríveis ações: amores, conquistas, artes, explorações, caridade, ódios, construções, guerras, etc.

É preciso guiar e dirigir as paixões a objetivos nobres. Elas sozinhas não tem parâmetros, não têm regras, são forças apenas, é potencial de vida, é vitalidade, tendência a expansão... As paixões precisam do espírito para guiá-las.

Percebe-se aí a importância do conhecimento desta matéria para poder organizar-se e para aproveitar positivamente estas forças.

Dividimos as paixões em dois grupos: as paixões concupiscíveis e as paixões irascíveis e que serão abordadas no próximo texto.




El que muere por mí