domingo, 13 de junho de 2010

Formação ética - A consciência e O coração

Esse é o texto final da série de formação ética. Quem quiser os textos completos, pode pedir a um assessor.
Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
e 8.


19 A consciência

Pela consciência temos um potencial à disposição, algo como uma sublime referência. É como uma sintonizadora com o desejo e a vontade de Deus a fim de guiar-nos para Ele. Mas também este potencial exige cooperação, pois a consciência deve ser cuidadosamente formada, em nosso caso, segundo critérios cristãos. Dependendo de como se molda a consciência, teremos o benefício ou o prejuízo da pessoa. A formação da consciência é a parte mais delicada na educação, pois trata-se da sintonização entre a alma humana e seu Criador.


O educador esclarecido, que ama e respeita seus educandos, intenta conduzi-los a sua realização plena, definitiva e implantar nos seus corações a verdade que Deus os ama. Quando o educando passa a crer, saber e sentir que Deus o ama, desfazem-se as angústias, neuroses, medos... Ele liberta-se de uma consciência mal formada.


A consciência tem muito a ver com o amor. A pessoa sente quando faz algo não motivado pelo amor.


Percebe-se mais uma vez que toda formação ética, sem uma referência última, seria muito limitada porque não satisfaz a alma humana que tem a tendência inerente de chegar aonde partiu. Isto não significa que não se acentue a ética na formação, especialmente quando o educando está num estágio em que não é motivado pelos assuntos religiosos.



20 O "coração"


A palavra "coração", freqüentemente usada, é uma expressão de diversos significados. Salientamos aqui três que, em relação ao nosso assunto, mais nos interessam.


Por "coração" podemos entender o núcleo da personalidade, o "lugar" para onde, na pessoa, tudo converge: o eu, a individualidade, a identidade, a característica...


Por "coração" pode-se entender também todo complexo do inconsciente da pessoa. Este determina especialmente as reações espontâneas e marca, desta forma, o estilo do seu comportamento.


Em terceiro lugar pode-se entender por "coração" a harmonia entre o "animal" e o "anjo". Isto é quando o potencial do espírito humano e do animal humano estão concordando e puxando para o mesmo lado. Em alemão se usa, para esta situação, o termo "Gemüt".


Especial: CQC Schoenstattiano, exibido no II Encontro Nacional

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Formação ética - Os instintos e O costume

17 O instinto

O homem possui paixões. Também o animal possui paixões. No homem as paixões são guiadas pelo espírito e no animal pelo instinto. Como o espírito do homem é livre, ele pode optar e sujeitar-se às paixões. O homem tem liberdade de fazer as coisas de uma ou de outra maneira, de dizer sim ou não. O instinto não é livre. O animal é guiado pelo instinto sem poder optar. Trata-se de um destino absoluto.

Aqui é preciso esclarecer os termos. O que nós denominamos "paixão" denomina-se em diversas publicações com os termos "instinto" ou "impulso". Esta diferença causa uma certa confusão. A Igreja Católica optou pelo termo "paixão" (Catecismo da Igreja Católica nº 1762) e a este aderimos.

Há uma grande diferença entre paixão e instinto. A paixão é que movimenta, o instinto é que guia. Se o homem, então, não tem instintos e também não se guia pelo espírito, as paixões estão soltas e procuram saciar-se desordenadamente.

O cultivo do espírito, por isso, é de suma importância. É preciso adquirir um espírito esclarecido, lúcido, atento, forte e sujeito a Deus. Se não há empenho nisto, as paixões reinarão facilmente sobre o espírito e o homem pode chegar a procedimentos abaixo do nível do animal.

18 Os costumes

Os bons costumes são fieis companheiros do nosso espírito, pois ele sozinho não seria capaz de guiar as paixões, a cada instante.

O costume é quase algo como um instinto que guia. Ou falando na linguagem da informática: é algo como um "sistema operacional" que está sempre em ação quando se trabalha com os programas.

Costumes podem ser introduzidos, abandonados, alterados. Se quiséssemos fazer uma pesquisa sobre costumes por nós praticados, iríamos descobrir que nos guiamos, em boa parte, por costumes estabelecidos há gerações.

Os nossos costumes são bons? Costumes de princípios cristãos? Costumes que correspondem à ordem do ser, ao homem novo? Não está na hora de repensar e renovar este "sistema operacional" para corresponder às exigências do tempo?



Música: Como um niño



quinta-feira, 3 de junho de 2010

Formação ética - O pudor e A vontade

15 O pudor

O pudor é um recurso para contrabalançar as paixões.

As paixões são rápidas. O espírito é lento. Até o espírito chegar a definir-se, as paixões já agiram. São Paulo se queixou: "O que quero, não faço e o que faço, não quero". As paixões são impulsivas, desafiam o espírito.

Deus sabe deste problema, surgido após o pecado original e deu-nos, por isso, uma "contrapaixão" que chamamos de pudor. Este pudor, esclarecidamente cultivado, age tão rapidamente como as paixões. Quando elas querem nos levar a atos menos nobres ou pecaminosos, o pudor as retêm com rapidez e força, para evitar o pior. A pessoa sente vergonha.

Há quem não sinta vergonha porque ela foi extirpada do coração. Há quem acredita poder canalizar as paixões somente com o espírito. Desta forma criam-se pessoas sem pudor e sem vergonha.


16 A vontade

A vontade pertence ao espírito. Mas quando se diz: "Tenho vontade de tomar uma cerveja", trata-se de uma vontade que não pertence ao espírito. Uma é força espiritual de decisão e de execução, a outra é uma paixão. Pode acontecer que eu tenha vontade de tomar uma cerveja mas a vontade-espírito decide: não é hora de to-mar cerveja.

Pela ordem do ser, a vontade-espírito tem que submeter as paixões e submeter a si mesmo a Deus. E as pai-xões estão dispostas a sujeitar-se à vontade-espírito na medida em que a vontade-espírito sujeita-se a Deus.

Com a vontade-espírito decidimos as coisas e as executamos. Ela é livre na decisão mas limitada na execução. Isto é, podemos decidir; se, porém, conseguiremos realizar as decisões é depende de muitos fatores so-bre os quais temos pouca ou nenhuma influência.

Neste assunto a liberdade está em jogo. Quanto mais coincidimos com a concepção de Deus, tanto mais li-vres somos, pois Deus é o absolutamente livre e, decidindo-nos por Ele, participaremos de Sua liberdade. A vontade-espírito, então, deve ter por acorde fundamental orientar-se nos desejos e planos de Deus e procurar realizá-los.


Música: Contigo María